Cobol: Por que uma linguagem dos anos 60 ainda domina o setor bancário?

Desenvolvida originalmente para sistemas financeiros, linguagem é a preferida por governos, instituições e bancos com salários médios de R$ 20.000

Você já se perguntou por que, com tantas novidades tecnológicas, algumas linguagens de programação antigas ainda são usadas? O Cobol (Common Business Oriented Language) é um exemplo disso. Desenvolvida pela IBM, RCA e Sylvania Eletric Produts em 1959 nos EUA para a criação de sistemas financeiros, a linguagem que sobrevive ao tempo foi a principal utilizada por governos e instituições financeiras. Porém, encontrar jovens profissionais que a dominem, no entanto, está cada vez mais escasso. 

Apesar do desafio, Nimrod Riftin, CEO da Belago Technologies, destaca que essa linguagem mantém sua relevância mesmo depois de décadas. A exemplo disso, os maiores bancos do país como Caixa, Banco do Brasil, Bradesco e Itaú, além de instituições globais como JPMorgan, Citigroup e Wells Fargo, utilizam da linguagem tech.

Afinal, por que ele ainda é tão relevante? A resposta é simples: confiabilidade, escalabilidade e segurança. Uma pesquisa global da empresa de TI Micro Focus revelou que nove em cada 10 organizações ainda o utilizam, com base em entrevistas com mais de 1.000 profissionais de 49 países. Além disso, estima-se que entre 775 e 850 bilhões de linhas de código Cobol sejam usadas diariamente em todo o mundo.

E não para por aí: Os aplicativos Cobol podem ser facilmente migrados para ambientes mais contemporâneos, como a nuvem, .NET e JVM, além de continuarem sendo suportados em plataformas tradicionais, como mainframes, Linux, UNIX e Windows.

Para bancos, seguradoras e outras empresas, o Cobol continua em uso principalmente devido à sua longa presença nos sistemas existentes. Mudar completamente para outras linguagens seria uma tarefa complexa e custosa, devido a sua integração nos processos e infraestrutura de TI. No entanto, sua adoção nos dias atuais é limitada, especialmente com o surgimento de linguagens mais recentes, como Java e Python, que oferecem alternativas mais flexíveis e adaptáveis para as novas demandas tecnológicas. 

Atualmente, o mercado não dispõe de muitos desenvolvedores com habilidades em Cobol devido a sua natureza mais antiga e a diminuição do uso em novos projetos. Essa necessidade, combinada com a escassez de profissionais, cria oportunidades bem remuneradas. Os salários para programadores Cobol no Brasil podem atingir até R$24.000, com uma remuneração média de R$21.500. Os dados foram baseados em 28 salários coletados de forma confidencial no Glassdoor.  “É uma área de atuação promissora para quem busca posição diferenciada no mercado de tecnologia”, comenta Nimrod Riftin.

Apesar disso, o Cobol ainda é mantido por essas organizações, aproveitando sua compatibilidade com sistemas mainframe e a capacidade de funcionar em diversas plataformas, o que permite uma transição gradual para novas tecnologias, como a computação em nuvem.

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