Empresas da região Sul ensinam boas práticas para atuar num mercado imprevisível

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Casos de sucesso apontam caminhos para o desenvolvimento do setor da construção

Inovação, gestão cuidadosa e determinação. Essas qualidades pautaram as histórias apresentadas aos empresários do ramo da construção no primeiro dia da Construa Sul, em Curitiba (PR). O evento vai até esta sexta-feira (13) e é organizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Além de reunir representantes das mais de 90 entidades associadas, o encontro trouxe um painel técnico com cases de destaque do setor, a partir da experiência de organizações de toda a Região Sul.

Entre as palestras técnicas, Leandro Melnick, de Porto Alegre (RS), contou como uma empresa familiar dirigida por ele se tornou a única incorporadora da região a abrir capital na B3. Para ele, um grande acerto foi Melnick ter colocado na prática bons conceitos de gestão. “Não adianta fazer de conta que a macroeconomia não existe, a começar pelo entendimento dos juros, que no nosso setor de longos ciclos de produção é muito relevante”, explica. “Entendemos que os ciclos abruptos do Brasil são inadequados para a incorporação, mas é possível contornar isso usando as melhores técnicas de gestão e disciplina.”

O diretor contou que o segredo de Melnick passa pelo desenvolvimento de pessoas, produtos fantásticos e ausência de dívidas. “Fomos uma das primeiras empresas a aplicar ISO 9000, PPR, e isso mesmo quando ainda era pequena.” A compra e reposicionamento da Even, maior construtora em volume de São Paulo e com atuação em todo o país, representou um grande salto e desafio na história da empresa.

Claudio Teittelbaun, presidente do Sinduscon-RS, destacou os valores familiares que fazem parte do DNA das empresas gaúchas.

Crédito no setor foi acionado por meio do consórcio

Uma história construída em família — essa é a origem da Ademicon, primeira empresa de consórcio de imóveis do Brasil. Ainda dentro dos painéis técnicos, a CEO Tatiana Schuchovsky Reichmann e o fundador Raul Schuchovsky trouxeram os pontos altos da jornada da empresa, uma das maiores administradoras independentes de consórcios do Brasil em créditos ativos e quinta maior entre os bancos, com mais de 30 anos de atuação no mercado.

“No início me dava uma agonia tentar liberar crédito, com a dificuldade que era lidar com os bancos”, lembrou Raul, sobre o início das negociações de consórcios imobiliários. “Nossa empresa não tinha referências, ninguém trabalhava com consórcio de imóveis”, contornou Tatiana, que arregaçou as mangas aos 18 anos e hoje vem liderando a expansão vertiginosa da Ademicon.

Sediada em Curitiba (PR), uma empresa que se destaca por seu crescimento contínuo, oferecendo soluções financeiras que abrangem consórcios de imóveis, veículos, serviços e crédito. A empresa administra R$ 110 bilhões de créditos comercializados, sendo 50% da carteira na região Sul. O crescimento durante a pandemia foi de 43%, graças ao investimento em tecnologia que permite acelerar a transformação digital.

“O consórcio serve para quem quer comprar a primeira casa, mas também para o segundo imóvel, para fazer reformas, benfeitorias em fazendas, casas de praia”, enumera Tatiana. “Estamos ajudando as pessoas a ter o dinheiro para comprar sua casa. E ainda criamos o aluguel imobiliário”, conta Raul.

Personalização é chave para fidelizar cliente

Daniel Dimas, diretor da Dimas Construções, de Florianópolis (SC), destacou a importância de atuar com equipe de vendas formada por especialistas e pós-venda com boa comunicação e objetividade. “Todo mundo tem o sonho de montar seu primeiro apartamento, mas num segundo imóvel o cliente acaba abraçando nossa solução de personalização de acabamentos e mobília, porque já sabe o trabalho que dá.”

A Dimas começou com médio padrão e ampliou para a faixa de alto padrão. “Percebemos que nosso cliente está nas ruas, utilizando os parques, então nossos projetos fazem muitas intervenções urbanas no entorno”, contou o diretor, citando o parque linear do Córrego Grande, de 2014, bem como o Parque Beira Mar, em São José, de 2017. “O comércio, a vida está indo para os bairros que eram considerados puramente comerciais”, revela.

Para o presidente da CBIC, Renato Correia, o setor “pode dobrar sua participação no PIB. Mas para isso, precisamos de um ambiente mais amigável, previsível e seguro para os negócios”, disse. Na sua fala na abertura da Construa Sul, ele reforçou o papel da construção como parceira natural do poder público para enfrentar gargalos em infraestrutura, energia, saneamento e habitação.

“O que estamos propondo é um novo ciclo de prosperidade, com inovação, governança e uma visão estratégica do país. É isso que precisamos discutir aqui.”

Carlos Cade, presidente do Sinduscon PR, destacou que o evento se concretiza por um esforço coletivo das entidades setoriais do Sul. “Temos grandes oportunidades de investimentos em nossa região, que sem dúvida é um pólo de dinamismo, com potencial que salta aos olhos e nos posicionamos de forma estratégica. Aqui a estrutura, o meio ambiente e a qualidade de vida andam de mãos dadas.”

A primeira edição do Construa Sul reuniu 96 entidades associadas à CBIC, entre empresários, investidores e autoridades dos três estados. O evento conta com o patrocínio do SeconciPR, Caixa Econômica Federal, Copel, Sanepar, Compagas, Mútua, Totus, Brain Inteligência Estratégica, Construsul, Versátil e Veraz.