As 4 maiores lições de cultura organizacional que já aprendi

Por Tallis Gomes, CEO e Fundador da Singu

Em um espaço de apenas cinco anos, o grupo das cinco empresas com maior valor de mercado do mundo foi dominado pelo setor de tecnologia e isso não é uma coincidência. Todas possuem uma característica em comum: uma cultura organizacional vencedora.

Costumo falar que para construir uma cultura organizacional tão boa quanto, você precisa considerar os seguintes pontos:

• Inovação e assunção de riscos;

• Agressividade e ousadia;

• Atenção aos detalhes;

• Metrificação dos sucessos e insucessos;

Hoje vou falar sobre os quatro primeiros, que foram os que foquei mais durante minha trajetória como empreendedor e gestor.

1 – Cultura do erro

Para quem inova, o erro é presença constante. Puna a repetição do erro, mas nunca o erro. Não adianta você querer que um funcionário seu traga novas ideias para a sua empresa se ele tem medo de ser punido. A disrupção é uma derivada do caos.

Além disso, algumas das maiores invenções aconteceram por puro engano.

A primeira coisa que escrevi no quadro branco da Easy Taxi foi: fail fast, fix it even faster (falhe rápido, conserte mais rápido ainda). Pessoas realmente inovadoras são as que assumem riscos e têm habilidade para aprender com aquilo e consertar.

2 – Agressividade.

Um cultura organizacional agressiva faz com que o time trabalhe os objetivos de forma mais ousada. O fato de não punir erros já apresenta uma janela de oportunidade para que o time tente algo que em outras organizações ele não teria incentivos para tentar, afinal, enquanto funcionário, ele ganhará a mesma coisa ousando ou não.

É por isso que defendo veemente que mudemos essa cultura da punição do erro e implantemos uma cultura de reconhecimento dos feitos, porque isso será precedente para a implantação de uma cultura de agressividade na empresa.

Na Easy Taxi, por exemplo, expandimos para 35 países em apenas dois anos após recebermos o nosso primeiro aporte de R$10 milhões.

Na Singu, em apenas doze meses, faturamos +R$1 milhão, ou seja, quase cinco vezes mais do que a Easy taxi em seu primeiro ano. Uma cultura de agressividade tolera erros e incentiva comportamentos ousados e é isso que faz com que o time tenha vontade de levantar de manhã, vestir sua farda e ir com a faca na caveira para cumprir sua missão na empresa.

3 – Atenção aos detalhes

Cultura não é pregar no quadro de avisos da empresa a visão e os valores. É demonstrar com ações no dia-a-dia da sua operação os valores com o qual você quer cunhar o seu negócio.

Tendemos a tocar nossos negócios olhando apenas para uma planilha de excel e torcendo para que o negócio cresça. Quer uma verdade dura? Se você não fizer algo diferente essa semana e repetir as mesmas ações da semana passada, provavelmente o seu resultado será igual ou pior. Não dá para ficar sentado no status quo e torcer para que algo aconteça; é preciso ser detalhista acerca das possíveis melhorias em sua operação e colocar projetos para rodar quase que semanalmente.

Na Singu, por exemplo, entrevistamos centenas de artistas (como denominamos nossas profissionais de beleza que vão até a casa das pessoas) para entender qual era sua maior dor em um dado momento. Descobrimos que elas tinham muitas dúvidas sobre quais modais de transporte utilizar para chegar até a casa do cliente. Com base neste problema, criamos uma solução integrada que não só sugere os modais de transporte a ser utilizados como também calcula o tempo de trajeto, balizando assim a quantidade de serviços que será enviado para o aplicativo dessas artistas e os horários ofertados.

Outra cultura que admiro muito é a da Embraer. Faz parte da filosofia deles a atenção aos detalhes e o reconhecimento a quem inova. Resultado: 40 a 50 projetos de inovação anuais com mais de 970 funcionários envolvidos.

4 – Metrificação dos sucessos e insucessos

Dados são o petróleo da nossa geração. Sem medir o desempenho de todas as áreas, suas decisões serão tomadas com base no bom e velho “achismo” e o fracasso no longo prazo é iminente.

Para criar uma cultura baseada em resultados, faça com que os dados fiquem disponíveis para todos. Utilize um dashboard claro e que tenha informações eficientes para gerar insights. Se os funcionários se acostumam a olhar sempre para os dados, o time se guia naturalmente por eles.

Recomendo que vocês instalem o Geckoboard, ele é um software que conectado a sua base de dados, gera dashboards de uma forma simples e facilita sua vida ao colocar todos os membros da operação na mesma página.

O processo de melhoria aqui é contínuo. Proponha um projeto com base nas hipóteses formuladas a partir de um problema encontrado, execute um projeto, defina o que é sucesso para você, metrifique suas ações, analise e descarte ou escale aquele projeto.

Este processo de melhoria contínua provavelmente te colocará a frente de 99% dos empreendedores/executivos.

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