Como provedores regionais se destacam no mercado

Por Liandro Paulo Carniel, conselheiro da ABRINT

Provedores regionais precisam investir na profissionalização da gestão e na capacidade de inovação para não ficarem para trás. Com o aumento da demanda provocada pela pandemia, que fez com que as Prestadoras de Telecomunicações de Pequeno Porte (PPPs) crescessem 47% em 2020 – 29 pontos percentuais a mais do que as grandes operadoras -, surge a necessidade de criar novos serviços e produtos, com foco em fidelizar e reter esses novos clientes. Além, é claro, de aumentar a participação no mercado em setores que são fundamentais para a economia do país e que somente os provedores regionais podem atender, como o agronegócio.

Reinventar práticas e estratégias; incentivar as equipes a buscarem ideias para novos métodos de venda, relacionamento e cobrança; repensar o modelo de negócio; adotar novas tecnologias e serviços são algumas das atitudes que irão impulsionar o crescimento das PPPs neste novo cenário e fazer com que se diferenciem ainda mais das grandes operadoras. Mas, no topo da lista, está a experiência do usuário, um dos principais diferenciais deste mercado. Por isso, o investimento em relacionamento com o cliente precisa ser certeiro, com o objetivo de atender os usuários de forma ágil. O uso de inteligência artificial e chatbots, por exemplo, resolvem os problemas mais comuns dos clientes e em qualquer horário do dia. São estratégias simples, porém oferecem um suporte técnico rápido e eficiente.

A qualidade do atendimento e a capacidade de se antecipar a possíveis problemas são outros aspectos que influenciam diretamente na satisfação do usuário e, consequentemente, na permanência do cliente. Ferramentas de análise de dados ajudam a prever situações que possam fazer com que o assinante cancele o serviço e, para isso, a qualificação do time é essencial.

Contar com um catálogo de serviços que atende a diversos os tipos de consumidores é uma outra estratégia que pode diferenciar as PPPs. Ao oferecer diferentes opções de planos aos clientes, o operador é capaz de aumentar a gama de necessidades atendidas e angariar novos usuários, principalmente aqueles que buscam por flexibilidade. Isso sem falar nos serviços de valor adicionado – como TVs por assinatura, vídeo sob demanda (VoD), antivírus, portaria eletrônica, serviços financeiros – que atraem clientes em busca de outros recursos para usufruir.

Há muitos anos, as PPPs prestam um serviço essencial. Com grande presença em comunidades afastadas de grandes centros urbanos e zonas rurais, onde as grandes operadoras têm pouco interesse comercial, as PPPs são responsáveis por conectar mais de 10 milhões à internet. Hoje, elas estão presentes em todos os munícipios brasileiros e, segundo a Anatel, são responsáveis por 60% do mercado de fibra óptica nacional. Mas somente aqueles que se preocuparem em fornecer serviços que valorizem a experiência do usuário e se atualizarem sobre as principais demandas de seus clientes conseguirão se destacar e se manter relevante no mercado.

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O agronegócio está pronto para a próxima etapa de evolução por meio de analytics

Por Raphael Domingues, diretor de desenvolvimento de negócios do SAS

Quinto maior país do mundo e base de 22% do solo fértil do planeta, o Brasil é uma potência exportadora global no agronegócio e desempenha um papel crucial em ditar as tendências do setor. E você sabia que a penetração de ferramentas digitais entre fazendeiros daqui já é maior do que nos Estados Unidos? Essa é uma informação da consultoria McKinsey, com pesquisa realizada em 2020, que confirma o fato que o setor está cada vez mais aberto a abordagens inovadoras.

Isso não significa que o agronegócio não enfrente desafios em diversos aspectos, como encontrar o equilíbrio ideal entre produtividade e sustentabilidade. A trajetória de consolidação no comércio agropecuário mundial que vem sendo estabelecida pelo Brasil também implica na continuidade da modernização do setor, que passa pela evolução de abordagens digitais, incluindo a sofisticação no uso de análise avançada de dados.

A agricultura digital converge com todas as sete megatendências para o futuro do setor no Brasil, apontadas no Radar Agtech realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em parceria com a SP Ventures e a Homo Ludens. Entre as tendências, estão a intensificação de sistemas de produção e a agregação de valor nas cadeias produtivas agrícolas, que podem ser amplamente impulsionadas com o uso de analytics. 

Oportunidades de adoção ou ampliação do uso de ferramentas de análise avançada de dados podem ser encontradas em áreas como a nutrição de bovinos, em que modelos preditivos e de machine learning podem ajudar produtores a identificar padrões e descobrir situações em que o gado pode, por exemplo, estar recebendo uma alimentação excessiva ou deficitária, e sugerir um cenário adequado de nutrição. 

As previsões e insights que determinam a construção destes cenários são construídas de acordo com a característica de cada alimento e tipo de animal, para que o resultado de produção seja atingido com o menor custo possível. A nutrição adequada e a previsão de demanda nesse espaço podem parecer elementares, mas muitos produtores têm dificuldades, e a redução de custo e aumento de eficiência com o uso de analytics é extremamente promissora em casos como este. 

Em implementações como esta, também é possível usar a detecção e interpretação de imagens por drones, por exemplo, para monitorar o crescimento do gado de acordo com a previsão traçada pelo produtor. E esse tipo de solução também pode ser usada em outras áreas da agricultura digital, como na detecção de pragas através de técnicas que empregam a interpretação de dados coletados por imagens e podem informar a tomada de decisão em tempo real. 

A sofisticação do desenvolvimento tecnológico e uso eficiente de dados mostra-se essencial para o avanço cada vez mais expressivo da cadeia agroalimentar. Em particular, o uso de dados promete aumentar a produção e a eficiência de custos, bem como a geração de lucro. O setor está maduro o suficiente para uma nova fase de reinvenção tecnológica para responder às novas demandas, e com uma abordagem focada em dados, players dentro e fora da porteira podem obter um retorno significativo de seus investimentos no âmbito digital. O escopo de oportunidades é vasto, assim como o potencial de resultados. 

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Private Equity: a nova aposta das empresas em expansão

Por Fernando Patara, sócio da 2Simple


Durante esse ano, foi possível observar o aumento na indústria dos capitais de risco. Fatores como o isolamento social e o aumento de soluções tecnológicas contribuíram para a democratização desse universo. A partir desse avanço, ações que antes eram mais restritas, como o private equity, começaram a chamar a atenção do mercado.

Um fundo financeiro diferente do convencional, voltado para investidores mais experientes ou até mesmo, profissionais. Visto que, a maioria das ações são para quem já possui mais de 10 milhões no mercado financeiro. Segundo a plataforma Distrito, os setores que receberam o maior volume de aplicações desses fundos foram os de healthtech (31,4%), fintech (16,9%) e retailtech (11,3%). Consequentemente, esses foram os que mais cresceram em 2020.

O private equity é uma modalidade de venture capital, feita de forma direta em empresas de grande ou médio porte e que já estão consolidadas no mercado. A ideia é de impulsionar o crescimento da companhia e fazer com que ela abra seu capital na bolsa de valores. Hoje, já existem ações abertas para pessoas físicas ou jurídicas feitas através de uma carteira de ações.

No Brasil, temos alguns exemplos de empresas que a partir desse investimento elevaram o seu valor de mercado para além de um bilhão de dólares. Como é o caso da Nubank, que hoje é a principal empresa unicórnio da América Latina. Vale ressaltar que nessa modalidade o investidor tem a participação ativa na empresa, ou seja, além de contribuir com o capital, ele soma à empresa sua experiência de negócio e gestão. Uma aplicação mais complexa e a longo prazo,leva um tempo para que se tenha algum tipo de retorno.

Um dos motivos do private equity ser feito para empresas de médio e grande porte, acontece a partir da lógica de que, geralmente, elas apresentam dificuldades, como uma gestão incapacitada ou até mesmo, dívidas. Em suma, essas companhias apresentam lacunas, oportunidades para melhorias. A partir disso, maiores são as chances de extrair bons retornos ao longo do tempo. A rentabilidade dessa aplicação não vem de forma muito líquida, é acordado através de um contrato uma meta específica de lucratividade. Então, em todos os casos é necessário esperar o processo de desinvestimento, o que pode levar cerca de 4 anos ou mais. Antes disso, não é possível desistir.

Essas empresas realmente existem, ou seja, geram empregos, possuem faturamento e metas. O investimento aplicado vem para estimular e para melhorar a performance da companhia. Por conta disso, são de grande importância, principalmente, para as empresas. Além do mais, o mercado e a economia brasileira também saem ganhando.

Pode-se perceber a efetividade desse fundo, a partir dos resultados das startups investidas que anos após já apresentam lucro e uma enorme potencial de retorno financeiro. As mudanças que aconteceram durante esses dois últimos anos trouxeram um grande destaque para as startups e suas soluções tecnológicas. Em 2021, essas empresas já captaram US $8,6 bilhões em investimentos, mais que o dobro que no ano passado. A tendência é que com o amadurecimento e o crescimento do mercado a demanda por fundos financeiros aumente, tanto aplicações mais conservadoras, quanto às mais complexas como o private equity. Para quem tem interesse nesse universo, é importante ficar de olho, pois trata-se de um mercado em expansão e com grandes oportunidades futuras.

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Equilíbrio, Empatia e Flexibilidade: como acompanhar os colaboradores no contexto atual

Por Christiane Berlinck, Vice-Presidente de Recursos Humanos, IBM América Latina & Brasil

A chegada da pandemia colocou em foco a necessidade de priorizar o bem-estar físico e mental dos colaboradores, algo que algumas empresas já vinham fazendo, mas que em sua maioria não se executava como um plano rigoroso, com objetivos concretos e mensurações para encontrar oportunidades de melhoria. Seguir em frente depois do que a COVID trouxe é uma tarefa que requer trabalho em equipe e isso não é indiferente para os líderes corporativos.


Como se explica no artigo ” Apoiar o bem – estar integral dos funcionários inclui estimular o equilíbrio entre o trabalho e a vida “, um lugar de trabalho híbrido, com colaboradores que trabalham tanto nos escritórios como em casa, é a principal visão do futuro. E isso significa mais do que habilitar os funcionários com a tecnologia adequada que precisam para realizar suas funções de casa. O texto menciona ao menos três aspectos fundamentais a se levar em conta para trabalhar a saúde mental nas empresas: resiliência, medo e auto cuidado. Essas três questões refletem o quão importante é escutar e respeitar as pessoas, nos colocar em seu lugar para saber o que podemos oferecer de melhor para um ótimo desempenho social e profissional.

Estas são algumas das iniciativas que implementamos na IBM, colocando uma atenção especial na saúde mental, musculoesquelética e cardiovascular, e que podem ajudar outras empresas a abordar esses desafios.

• Criar canais e fontes de informações únicas, claras, concisas e de fácil acesso

Este ano, implementamos o programa regional Wellbe na América Latina a fim de proporcionar aos funcionários uma fonte de informação sólida sobre as atividades disponíveis para eles; em relação aos três pilares mencionados, em nossa região temos necessidades muito específicas relacionadas à saúde musculoesquelética.

• Incentivar as ‘pausas’ na jornada de trabalho

Os colaboradores passam muito tempo à frente de suas telas, por isso trabalhamos em conjunto com diferentes entidades e com a equipe médica da IBM para proporcionar sessões de pausas ativas com uma regularidade mínima de uma sessão por semana, que são gravadas ao vivo e posteriormente disponibilizadas através da página do programa Wellbe. Desta forma, buscamos prevenir o prejuízo à saúde por essa causa; neste mesmo sentido, nossa região apresenta um desafio de saúde pública enquanto as doenças cardiovasculares como infarto, acidente vascular cerebral e hipertensão, o sedentarismo e o fácil acesso a alimentos de baixo valor nutricional, mas com alto índice glicólico, também desencadearam o risco de sofrer algum desses diagnósticos.

• Incorporar dentro da organização profissionais com experiência em saúde mental

Saúde mental é uma área onde colocamos um foco especial para acompanhar e estar próximo de nossa população. A organização conta com uma equipe global de psicólogos organizacionais e um sistema de gerenciamento com grupos de especialistas em riscos específicos, como os psicossociais, e por meio desses grupos estabelecemos uma estratégia global a qual nós aderimos. Essa estratégia inclui, por exemplo, certificações internas como o “Mental Health Ally Badge” que busca incrementar o conhecimento sobre saúde mental, diminuir o estigma na nossa população falando a respeito e permitindo um envolvimento dos colaboradores para ajudarem uns aos outros, conhecendo as ferramentas a que têm acesso e os dados nos quais devem colocar atenção no dia a dia para eles mesmos e seu ambiente. Sobre esse mesmo tema, proporcionamos webinars focados em assuntos específicos de saúde mental, como ansiedade, estresse, Burnout, prevenção ao suicídio, primeiros auxílios psicológicos, resiliência, entre outros.

A situação dinâmica nas condições e necessidades ao longo de toda a região tem demandado uma flexibilidade e adaptação de nossa estratégia em função das mudanças nos contextos e as realidades de cada país. Então, o que podemos fazer para lidar com esses desafios? Desenvolver abordagens inovadoras e colaborativas será a principal demanda. A flexibilidade é um requisito muito presente entre as novas condições dos trabalhadores e nós, como líderes, devemos escutá-los e proporcionar as ferramentas que podem ajudar os colaboradores a lidar com esses desafios e convertê-los em oportunidades de crescimento.

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Zero Trust: o que é e por que é importante para a segurança de dados

Por Ryan Schwartz, Product Marketing Manager, IBM Security

De quantas maneiras diferentes os dados podem ser comprometidos? Primeiro, eles podem ser alvo de ameaças externas e internas. As externas podem vir na forma de malware ou ransomware, enquanto as internas podem vir de usuários da organização mal-intencionados que se ocultam atrás de contas confiáveis. Os insiders podem se tornar uma ameaça apenas clicando em um link de phishing ou sendo enganados por um ataque de engenharia social. A falta de uma atualização de banco de dados ou uma pequena configuração defeituosa pode oferecer ao invasor uma lacuna para se infiltrar nos sistemas de uma organização. A confiança zero é uma estrutura que deve abordar todos esses vetores de ataque possíveis.

Na verdade, de acordo com o relatório Cost of a Data Breach de 2021, as organizações que não implementaram um programa de confiança zero enfrentaram um custo médio de filtração de dados de US$ 5,04 milhões globalmente. Aqueles com um nível mais alto de “maturidade” em termos de confiança zero tiveram um custo que foi US$ 1,76 milhão menor em escala mundial. Mesmo empresas no “estágio inicial” de implementação de tal iniciativa relataram um custo que foi US$ 660.000 menor. Resumindo, o enfoque da confiança zero pode mitigar o impacto de uma filtração, mas como apenas 35% das organizações ao redor do mundo implementaram esse framework, é essencial compreender o que ela é e como pode ajudar.

Aplique a abordagem confiança zero e você se tornará um herói: segurança de dados dinâmica

Slogans como “nunca confie, sempre verifique” apenas indicam o que é confiança zero. A confiança zero é a avaliação contínua de cada conexão (e sua postura e necessidades de segurança) para acessar recursos dentro da empresa. Essas conexões podem ser os funcionários, parceiros, clientes, fornecedores ou outros usuários. Mas as conexões também podem significar dispositivos, aplicativos ou mesmo redes. A confiança zero envolve uma defesa em torno de cada conexão de forma dinâmica, ajustando os direitos de acesso e outros privilégios com base no status de risco.

Como identidade, segurança de dados,inteligência sobre ameaças e outras ferramentas críticas fornecem contexto constante sobre cada usuário, dispositivo e conexão, um perfil pode ser criado para identificar quem ou o que pode representar um risco. Mas muitas vezes a questão não é tanto identificar quem é um risco, mas sim quem não é.

Considere o trabalho remoto, por exemplo. Milhões de funcionários agora acessam dados de redes domésticas usando dispositivos desconhecidos. Embora um determinado trabalhador possa não ter representado uma ameaça no escritório, seu perfil de risco pode mudar no novo contexto de trabalho remoto. A tendência típica seria bloquear o acesso à rede e aos aplicativos corporativos desse usuário.

Operação contínua sem interrupções

Outro aspecto da confiança zero é permitir que as empresas continuem funcionando sem problemas, garantindo sua segurança. Nesse caso, seria necessário verificar novamente os privilégios de acesso daquele trabalhador que apresenta maior risco. Para manter a segurança, o sistema deve realizar essa verificação com a maior precisão possível. Os privilégios podem ser ajustados para corresponder aos níveis de risco que mudam dependendo do contexto. Esse contexto, por sua vez, é atualizado verificando dados de segurança, uso do banco de dados e aplicativos, localização e outros detalhes e registros pertinentes sobre o usuário.

A confiança zero vai além do comportamento binário de “bloquear” ou “permitir”. Isso significa que os usuários considerados de menor risco pelo sistema ainda podem acessar as ferramentas mínimas necessárias para concluir suas tarefas. À medida que o perfil de risco dos usuários diminui, eles podem ter mais liberdade para acessar os dados. Ou, inversamente, conforme o perfil de risco dos indivíduos aumenta, medidas diretas podem ser tomadas para limitar seu acesso ou alcance.

Priorize a segurança de dados com confiança zero

Ao definir confiança zero, deve parecer óbvio onde a segurança de dados entra em jogo. Não é apenas mais uma ferramenta na estrutura, mas sim uma peça fundamental. Uma cobertura de confiança zero de ponta a ponta é disponibilizada através da descoberta e classificação de dados, monitoramento de atividade de dados, análise de segurança de dados e integração com identidade, inteligência contra ameaças e ferramentas de resposta.

Ao descobrir onde residem os dados confidenciais, podemos desenvolver políticas de segurança e governança de dados em linha com os objetivos de segurança, conformidade e privacidade. Podemos primeiro monitorar e proteger fontes de dados confidenciais. Isso fornece um fluxo constante de dados para ajudar um motor de análise a gerar conhecimento prático e atribuir uma pontuação com base no nível de risco para que esse motor possa atuar sobre esse conhecimento diretamente. Ou você pode compartilhá-los com os principais stakeholders que gerenciam a segurança e os negócios. Dessa forma, as pessoas podem modificar as políticas e orquestrar uma resposta abrangente às ameaças de dados de forma contínua.

É vital que outras ferramentas monitorem a rede, os terminais ou o acesso do usuário. No entanto, é a plataforma de segurança de dados que detecta comportamentos estranhos diretamente relacionados a dados confidenciais. Se um usuário clica em um link suspeito e baixa o malware do smartphone, isso é definitivamente perigoso.

Mas quão perigoso é isso?

Como Zero Trust e outras plataformas trabalham juntas

A resposta está relacionada a como a confiança zero pode ser adicionada ao incorporá-la a outras plataformas. O monitoramento da atividade de dados e a análise de segurança dos dados devem registrar e analisar as ações desse usuário em várias fontes. Se ele tiver acesso a credenciais privilegiadas, uma plataforma de segurança de dados deve se integrar a ferramentas de gerenciamento de acesso privilegiado para descobrir se esse usuário usou essas credenciais para fazer algo suspeito. Nesse caso, as ferramentas de segurança de dados, promovendo ainda mais a confiança zero, devem enviar informações de risco acionáveis ​​para uma plataforma SIEM ou SOAR para que a equipe do centro de operações de segurança seja notificada enquanto rastreia a ameaça potencial nos sistemas internos.

Sem ferramentas de segurança de dados implementadas, a estrutura de confiança zero não pode ser sustentada. Mas se houver pontos cegos na manipulação de dados, torna-se mais difícil entender quem são os usuários com o maior risco de causar uma violação de dados. E isso é um problema que nenhuma organização pode se dar ao luxo de ter.

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A importância da participação das PPPs no leilão do 5G

Por André Rodrigues, presidente do Conselho de Administração da ABRINT

Diferente com o que aconteceu com o leilão do 3G e 4G, o edital do 5G representa um claro avanço em relação aos leiloes de faixa de radiofrequência anteriores dada a opção por um modelo não arrecadatório por parte do Estado. A expectativa é a de que este modelo incentivará a participação de novos entrantes no mercado de SMP, seja concorrendo pelos lotes nacionais, seja em busca dos lotes regionais, o que inclui a participação de provedores de menor porte, que atualmente levam a conectividade a regiões afastadas dos grandes centros urbanos, e que, por isso, carregam o potencial de levar o 5G por meio de fibra óptica, elemento indispensável para a democratização da conectividade no País.

Mas, apesar de ter condições de garantir a conectividade dessas regiões mais afastadas, é preciso que haja segurança para essas empresas. Atualmente, o regulamento da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) obriga o usuário secundário de uma frequência a desocupá-la em seis meses após solicitação de uso do licenciado em caráter primário, um tempo muito curto para as empresas. Por isso, a ABRINT – Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações defende que se faz necessário o fracionamento das faixas para que a disseminação do 5G seja mais rápida e para que se evite o que ocorreu nos últimos leilões, onde até hoje há municípios brasileiros sem acesso a essa infraestrutura.

Recentemente, a associação foi convidada pelo TCU a ajudar a esclarecer algumas dúvidas e a expor sua opinião referente a participação das prestadoras de pequeno porte no leilão do 5G. Em uma de suas contribuições para o Edital, a ABRINT salientou a importância de se ter definida uma oferta de atacado atrativa e viável para uso pelos pequenos provedores de internet, sendo assegurado a eles o direito, em condições predefinidas, de acesso à rede complementar geograficamente para que, assim, eles possam atender seus clientes. Essa proposta beneficiaria as PPPs que podem estar excluídas do uso das redes enquanto, em regra, as prestadoras de grande porte capturam sinergias por meio de compartilhamentos de rede e espectro / RAN Sharing e bloqueiam o acesso a estas redes por terceiros interessados. Portanto, se faz necessário medidas concretas no mercado de redes para que sejam alcançadas as finalidades de ampliação da oferta de serviços modernos à população e do fomento à competição no mercado de varejo.

A partir da contribuição da ABRINT, a equipe técnica do TCU sugeriu que, antes da publicação do edital do 5G, a Anatel adotasse medidas que visem corrigir a incompatibilidade entre as atuais condições do edital que buscam a regionalização dos lotes de SMP e a participação de provedores regionais e novos entrantes, e as regras de compartilhamento de rede e de roaming. Dessa forma, se evita barreiras e limitações à operação de rede e aos usuários de PPPs e também a discordância com a regulamentação do setor de telecomunicações que será realizada pela agência reguladora.

Além disso, no parecer sobre o edital, a equipe técnica do TCU reforçou o caráter dinâmico da expansão das redes de telecomunicações e enfatizou que é expressamente relevante a atualização das listas de localidades, já que, com o passar do tempo, a situação da infraestrutura pode ter se modificado; e citou a importância e existência da Campanha de Backhaul de fibra feita pela ABRINT para que sejam disponibilizadas informações mais fidedignas ao setor quanto à existência de redes de transporte em fibra óptica.

Na última etapa da campanha promovida pela ABRINT, foram identificadas 526 localidades a serem atualizadas na Anatel. As regiões Sudeste, Nordeste e Sul são as que mais receberam contribuições, sendo 169, 142 e 125, respectivamente. Já as regiões Centro-Oeste e Norte foram identificadas 45 localidades cada. Além de trazer informações atualizadas para o edital, o objetivo dessa iniciativa é permitir ao órgão regulador alocar as contrapartidas de investimento em backhaul de fibra dos vencedores da faixa exclusivamente aos municípios que realmente ainda não têm essa infraestrutura, atendendo dessa forma o objetivo da política pública que é melhorar a conectividade do País.

O desafio de implementar o 5G no Brasil passa necessariamente pelo uso de fibra óptica e, por isso, o provedor regional, que tem rede de fibra capilarizada pelo interior do País, é um player indispensável para a implantação da nova tecnologia. Espera-se que o 5G possa contribuir para que os serviços operem da maneira mais eficiente possível e que, ainda, possibilite cobertura da rede de dados em grandes distâncias, com foco em áreas rurais ou regiões com baixa densidade populacional. Os benefícios que essa revolução trará são imensuráveis e, para os provedores regionais, trata-se de uma nova perspectiva da chamada transformação digital.

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Banking Revolution: a transformação no mercado financeiro está só começando

Por Carlos Netto, CEO e cofundador da Matera

Produtos e serviços financeiros nunca estiveram tão presentes em nossas vidas. Abrir uma conta digital é tão fácil quanto criar um novo e-mail, realizar um pagamento pode ser mais rápido do que enviar uma mensagem de texto e até mesmo dar início à própria fintech deixou de ser algo improvável, mesmo para quem não tem muita familiaridade com o segmento.

Tudo isso caracteriza um momento muito especial no mercado financeiro brasileiro, no qual as instituições e a população estão protagonizando uma grande transformação, pautada principalmente pela inovação, competitividade, interoperabilidade e redução das barreiras de acesso. Por isso, chamar esse movimento de Banking Revolution é bastante apropriado – as mudanças estão acontecendo rapidamente, alterando de forma drástica as relações de todos os players deste grande ecossistema, que por muito tempo foi conservador.

Se antes só contávamos com os bancões tradicionais para guardar nosso dinheiro, fazer investimentos ou obter empréstimos, por exemplo, hoje o leque é bastante variado. A ascensão das fintechs na última década é um dos grandes motivos – são mais de 1000 instituições que se encaixam nesse perfil atualmente, oferecendo produtos e serviços financeiros na ponta, mas tendo a tecnologia em seu core. Os bancos digitais também deixaram a disputa pelos clientes acirrada e não é raro encontrarmos correntistas que nunca estiveram em uma agência física – são tempos que ficaram para trás, tempos cringe.

As empresas do varejo também vêm puxando essa revolução, criando suas próprias contas digitais e aproveitando para rentabilizar as milhões de transações geradas por seus clientes, colaboradores e toda cadeia de valor diariamente. Nada mais conveniente para o cliente final – você acessa o app da sua loja favorita, faz o pedido e paga pelo produto ali mesmo, com sua conta digital da própria loja e ainda ganha descontos por isso. Para as empresas, é mais controle sobre os dados e o dinheiro. Para os clientes, mais agilidade e praticidade.

Com esse modelo, tudo passou a ficar concentrado no mesmo ambiente: marketplace, pagamento e publicidade – modalidades que antes estavam segregadas. Os pagamentos não acontecem mais somente pelos bancos ou por meio de intermediários, a publicidade dos produtos não está mais restrita aos veículos tradicionais e os produtos não são encontrados exclusivamente nas lojas. Gosto de imaginar um futuro, não muito distante, no qual poderemos eventualmente colocar no mesmo carrinho de compras online uma garrafa de leite, uma peça de roupa e um CDB. Imagine só?

E essa “fintechzação” vai além, atingindo as empresas de telecomunicação, bens de consumo e serviços. Um dos grandes responsáveis por permitir que essas contas tão variadas estejam conectadas é o Pix, que viabilizou o surgimento do que venho chamando de Internet das Contas. Fazer transferências entre bancos e fintechs ou pagar contas de luz, água ou gás pelo app de qualquer fintech ou banco só é fácil hoje em dia por conta da rede de Pagamentos Instantâneos. O Pix conectou diretamente todas as contas transacionais, sem intermediários, habilitando um ambiente altamente inovador e competitivo.

O melhor de tudo foi a possibilidade de inserir a população desbancarizada no sistema financeiro com uma tecnologia acessível e de uso fácil. “Fazer um Pix” se tornou parte do nosso dia a dia. Como o Breno Lobo, um dos responsáveis pelo Pix no Banco Central, já comentou, suas possibilidades são tão vastas que o fato de ser instantâneo chega até a ser secundário.

O Banking Revolution conta ainda com diversos outros propulsores, que vêm ganhando mais atenção da mídia recentemente: temos o Open Banking, que já está dando seus primeiros passos, e a Moeda Digital (CBDC), que chegará nos próximos anos – novidades que serão complementares aos modelos citados previamente e que contribuirão ainda mais com a digitalização do sistema financeiro e com a experiência do cliente final.

Muitos me perguntam se acredito que os bancos tradicionais são os grandes prejudicados nesse novo contexto. Sempre respondo que “não”, pois acredito que terão a chance de se posicionar como verdadeiras plataformas. Além disso, gosto de reforçar a importância de uma postura que vá além da preocupação apenas com os regulatórios, mas que se dedique a identificar novas oportunidades de negócio, inclusive por meio de parcerias com fintechs.

Por fim, não podemos deixar de mencionar a liderança do Banco Central. Com a Agenda BC#, o órgão regulador vem promovendo a inovação, concorrência e inclusão, com um ritmo acelerado e de forma colaborativa com as instituições e a sociedade. Incentivando o diálogo e focando na melhoria de vida da população por meio da evolução do nosso sistema financeiro, a autarquia desempenha um papel essencial no Banking Revolution.

São muitos assuntos quentes, que seguem em plena evolução. A revolução está em curso, mas ainda longe de acabar. Os próximos anos serão intensos e de muitas novidades – utilizar e trabalhar com produtos e serviços financeiros fará cada vez mais parte das nossas rotinas. Você já percebeu como as coisas estão mudando? Então se prepare, porque estamos só no começo!

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Uso da tecnologia na aviação e na agricultura vai unir ambos setores em futuro próximo

Por Jefferson Castro, Gerente Executivo e Head da Unidade B2B da Atech

Um dos setores mais antigos do mundo, o agronegócio precisa incorporar a transformação digital para superar diferentes desafios. Um deles é conseguir aumentar a produção de alimentos em 70% até 2050, período em que a população mundial deve se aproximar da marca de  10 bilhões de pessoas, segundo conclusão da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Outra questão é: com as pessoas preferindo cada vez mais a vida nas grandes cidades, e não no campo,  como transferir e reciclar  o conhecimento de várias gerações de agricultores para atender às demandas dos novos tempos? 

O que muitos podem  considerar  barreiras para impulsionar a inovação no campo, vejo como oportunidade. Uma das alternativas para avançar nesse processo é olhar para outros segmentos que elevaram o nível de eficiência por meio da tecnologia. Neste contexto, a aviação é sem dúvida um bom exemplo de extrema  maturidade tecnológica a ser seguido. Unindo-se critérios de segurança, inovação, eficiência e rapidez, muitas das tecnologias aplicadas na aviação poderão alcançar a maturidade necessária para entrar em produção em outros setores críticos para o desenvolvimento do país, entre eles a agricultura. 

Inovação alça eficiência no transporte aéreo 

O espaço aéreo brasileiro é uma imensidão de 22 milhões de quilômetros quadrados, atravessado, a todo momento, por milhares de aviões. Segundo levantamento da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), com dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), só no mês de junho deste ano, foram 1.319 decolagens, 28% a mais que o registrado em maio. Diante desse fato, os controladores precisam saber, com precisão, quais aeronaves estão voando ao mesmo tempo e assegurar que elas cruzem os céus em segurança. 

Para controlar toda essa área, o Brasil possui vários sistemas de controle aéreo e, por razões óbvias, não poderiam ser operados de forma manual. Por isso, cada vez mais, os processos na aviação vêm sendo automatizados para garantir maior eficácia da operação e precisão no monitoramento do tráfego aéreo. 

Assim, o controle aéreo se converte em um grande centro tecnológico, gerenciado de forma remota. A inovação tem elevado os níveis de segurança e confiabilidade, requisitos inegociáveis para a indústria aeronáutica, mas também ajuda a promover maior eficiência operacional. O próximo passo já foi dado, que é preparar as cidades para o crescimento da mobilidade urbana área e, para isso, será imprescindível lançar mão de soluções de gerenciamento do tráfego aéreo de drones e veículos aéreos. Mas afinal, existe uma sinergia entre a aviação e o campo em termos de inovação? E o que uma área pode aprender com a outra? 

O campo e a busca pela vocação tecnológica 

Eu não tenho dúvidas de que o Brasil tem vocação para inovação. Mas há uma percepção gerada pelo senso comum  de que este potencial tecnológico tem mais identificação com o setor da aviação. Quais são os aspectos que levam a esta interpretação? Além disso, o que pode estar distanciando o campo dessa vocação tecnológica?  Para encurtar essa distância, muitas empresas do agronegócio já iniciaram a sua jornada em busca da inovação, mas esse é um caminho longo a percorrer.  

Antes de mais nada, prever o futuro é sempre uma atividade complexa. Por isso, prefiro pensar na criação de um mundo baseado na criação colaborativa e união de esforços e inteligências. As tecnologias da revolução 4.0 permitem a conexão de diferentes experiências, visando ao fortalecimento da colaboração entre setores estratégicos e fundamentais para o país e a partir daí podemos estabelecer um paralelo entre aviação e agricultura, para tentar vislumbrar como serão as fazendas do futuro.

Uma boa maneira do agronegócio criar experiências digitais a partir do conhecimento gerado pela indústria aeronáutica é investir em soluções para geração cada vez mais intensa de dados sobre o campo e em tempo real. Neste contexto, a adoção de tecnologias que habilitam a conectividade e a IoT são grandes aliadas nesse processo de modernização do campo. 

Com o domínio das informações, será possível criar soluções que potencializam a qualidade dos processos e o aperfeiçoamento de tarefas, simplificando a rotina dos agricultores, até a adoção da Inteligência Artificial. Essa, por sua vez, tem um papel fundamental para integração do campo com toda a cadeia de suprimentos. O ponto de atenção aqui é que IA tem potencial para elevar o nível de maturidade tecnológica do campo ao ponto que seja autônomo e gerenciado remotamente, assim como acontece com o espaço aéreo.   

Outra vantagem da utilização da IA na agricultura é a possibilidade de tomar melhores decisões para combater as mudanças climáticas, de forma proativa e mais assertiva. Além disso, em um cenário de mundo globalizado, a IA também oferece insights sobre toda a cadeia produtiva de forma atender todas as exigências de regulamentação governamental, de forma harmônica e em âmbito global.

A indústria aeronáutica já possui vocação tecnológica há tempos e o caminho está sendo trilhado pelo agronegócio. No futuro, será possível distinguir as empresas de cada setor pela sua capacidade de fazer a inovação acontecer. E com a disseminação de tecnologias como IA, veículos autônomos e gestão remota, será possível controlar o espaço aéreo e uma fazenda, com a mesma capacidade.   

O chamamento para a co-criação 4.0 será fundamental para um cenário onde agro e aviação estejam no mesmo patamar de inovação e competitividade. Ambos são cruciais para impulsionar a retomada do crescimento no Brasil. Vamos juntos rumo a esse futuro? 

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LGPD no mercado financeiro: por quanto tempo os dados devem ficar armazenados?

Por Tamíris Guidugli , consultora de Data Privacy da ICTS Protiviti

Agora é para valer. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que entrou em vigor em setembro de 2020, já tem recursos para sancionar as empresas, tanto públicas quanto privadas, com advertências e multas. Criada para proteger os dados pessoais, seu foco envolve qualquer tipo de informação que torne uma pessoa física identificável, incluindo não somente os dados associados aos cadastros de clientes, como nome, CPF, endereço e telefone, mas também os perfis comportamentais, financeiros e dados sensíveis, ou seja, aqueles que podem gerar algum tipo de discriminação, como as informações relacionadas à saúde, religião e orientação sexual.

As instituições atuantes no mercado financeiro devem abordar a LGPD com prioridade. Afinal, as consequências legais do não cumprimento dessa legislação vão muito além do prejuízo financeiro com as multas, que podem ser aplicadas pelo descumprimento da nova regulamentação. Estamos falando de danos à reputação e perda de confiança dos seus clientes e investidores, já que ambas são de extrema importância para a manutenção da notoriedade da instituição financeira no mercado e recurso essencial nas relações com os clientes e investidores.

Neste mercado competitivo e repleto de regulamentações, a LGPD junta-se a outras normas já existentes, reguladas principalmente pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), formado por órgãos supervisores, como BACEN, CVM, B3 e Anbima, que proporcionam ao consumidor transparência e segurança aos tratamentos realizados com os seus dados.

Tendo em vista o próprio direito do titular, na qual o cliente pode revogar o consentimento em relação ao tratamento dos seus dados pessoais e pedir o descarte deles e a exigência de deleção dos dados, ambos previstos pela LGPD, é de extrema importância ter bem definido dentro das instituições financeiras não somente a finalidade do tratamento do dado pessoal, com o seu respectivo embasamento legal, mas, também, o prazo de retenção e o processo de deleção dos dados.

As próprias exigências do CMN e as demandas oriundas da Justiça, embasadas nos Códigos Civil e Penal, nas leis de Proteção à Lavagem de Dinheiro, bem como em quebra de sigilos bancários, advindas de investigações fiscais, tributárias e instaurações de CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito), servem de base para definir qual é o tempo máximo de retenção, de maneira correta e efetiva, tornando-se um grande desafio perante esta emaranhada teia de leis e regulamentações em que vive o mercado financeiro atualmente.

Os dados pessoais contidos nas atividades de processamentos realizadas pelas instituições financeiras, em sua grande maioria, devem se manter à disposição do Banco Central pelo período mínimo de dez anos, contados a partir do primeiro dia do ano seguinte ao término do relacionamento com o cliente. Esse mesmo prazo vale para os registros de todas as operações realizadas, contado o prazo a partir do primeiro dia do ano seguinte ao da realização da operação.

A própria instituição financeira pode utilizar os dados dos seus clientes como forma de estudar e fazer projeções futuras de negócio, por isso o interesse no armazenamento dos dados. Esses históricos dos clientes, assim como os de transações, operações e análises de créditos ajudam o setor a identificar perfis para desenvolver novos produtos e serviços, possibilitando a continuação do negócio. Adicionalmente, estes dados também são utilizados em Cálculos de Capitais Regulatório e Econômico, determinados pelo Acordo de Basileia.

Em resumo, as legislações brasileiras não estabelecem um tempo máximo de retenção para os dados. Algumas apontam para o tempo mínimo e outras não especificam este período, deixando-o em aberto, possibilitando discussões jurídicas sobre o assunto. Vale ressaltar que, se uma instituição considera o tempo mínimo de retenção como tempo máximo, há o risco deste período não ser suficiente caso haja uma demanda de um órgão fiscalizador que não determina um tempo específico de retenção.

Apesar da LGPD prever que os dados precisam ser deletados após o encerramento da finalidade da atividade de processamento, as instituições também precisam continuar armazenando-os para o cumprimento de obrigações legais ou regulatórias, já que a Legislação Brasileira não estipula um tempo máximo de requerimento de informações.

Como alternativa para esta falta de clareza e de amadurecimento em relação a um assunto que ainda é novo e desafiador, a melhor solução para as instituições é a criação de uma tabela de temporalidade, definindo internamente quais serão os períodos mínimos e máximos de retenção que serão adotados. Mas, isso requer ampla divulgação, deixando claro ao titular e aos reguladores e fiscalizadores quando eles serão aplicados, garantindo a transparência e a segurança, princípios fundamentais dentro do competitivo mercado em que vivemos atualmente.

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Incentivo à inovação: entenda como a Lei do Bem prevê apoio à P&D&I

Por Marcela Flores, Diretora Executiva da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (ANPEI)

A Lei do Bem é um incentivo fiscal, concedido pelo Governo Federal, que oferece uma série de benefícios com base nos investimentos das empresas em projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Tecnológica (P&D&I), especialmente em relação às deduções das bases fiscais. A Lei, criada em 2005, é voltada às empresas brasileiras que investem na realização de projetos tecnológicos. De modo geral, as políticas de inovação, como subsídios, incentivos fiscais e crédito, por exemplo, são criadas para que o governo apoie e estimule esforços tecnológicos – ou seja, gastos em P&D&I e na contratação de pessoal técnico-científico, que geram uma série de resultados para a inovação, para a empresa e para a sociedade como um todo.

No caso da Lei, existem critérios de enquadramento que devem ser seguidos. Para que as empresas possam usufruir dos benefícios, é necessário que sejam optantes pelo regime de tributação do Lucro Real e, ainda, terem aferido o lucro fiscal no ano de apuração. No geral, é concedido às empresas o benefício da redução da base de cálculo do Imposto de Renda, baseado em um percentual do custo das horas investidas por profissionais em projetos de inovação tecnológica.

No entanto, o impacto da Lei vai muito além dos incentivos fiscais oferecidos para as empresas. Geração de emprego, manutenção das posições de trabalho, redução de risco, ampliação de parcerias, sustentabilidade dos negócios e avanço tecnológico para o País, como um todo, são consequências extremamente positivas para a sociedade. Junto a este cenário repleto de motivações para o seu uso, há, ainda, diversos benefícios, como transferência de tecnologia, aumento no número de depósito de patentes, melhorias dos processos e a consequente redução de custos.

O incentivo ainda é pouco conhecido e utilizado no Brasil. Em 2019, contávamos com 2.300 empresas que faziam o uso da Lei, frente às 1.200, em 2016 – porém, acredita-se que cerca de 150 mil empresas poderiam se beneficiar dela. Isso porque, trata-se de um incentivo fiscal transversal (atuante em todos os setores) e esse é o número aproximado de empresas no regime do lucro real. Embora seja um dos instrumentos mais valiosos para fomentar a inovação nas empresas brasileiras, para que a ferramenta seja mais utilizada, é necessário um maior esforço de divulgação, além de ser acessível e segura, juridicamente falando.

É possível observar que, quando as empresas passam a utilizar o benefício fiscal, e por terem que prestar contas de seus projetos, elas passam a ter uma estruturação interna melhor e mais organizada. Vale frisar que os projetos, no entanto, devem apresentar um progresso científico-tecnológico que, na Lei, deve ser voltado às atividades do processo de P&D&I: pesquisa aplicada, desenvolvimento experimental, tecnologia industrial básica e serviços de apoio técnico.

Tenho certeza que, caso não tenhamos a manutenção e melhorias na Lei do Bem, consequentemente, haverá um desestímulo de investimentos em inovação no País, pois, como mencionei acima, o uso dos benefícios por parte da Lei é direcionado apenas às empresas que operam em Lucro Real. Como o principal instrumento de fomento horizontal à inovação, a Lei necessita de aperfeiçoamentos para que seja, de fato, utilizada – a mesma não permite, por exemplo, que as despesas de empresas com pesquisas tecnológicas possam ser aproveitadas em períodos posteriores, em caso de prejuízos fiscais no ano corrente. A restrição pode, ainda, fazer com que as empresas tenham seus projetos de inovação prejudicados, ou até mesmo descontinuados, por não obterem acesso aos benefícios em meio à crise atual. A inovação se faz a longo prazo e, por este motivo, é necessário refletir o conceito nas políticas públicas.

Parcerias com startups

Muitos não sabem, mas startups em fase de desenvolvimento, que contam com projetos, produtos ou modelos de negócios promissores, baseados em atividades de inovação e potencial crescimento, podem, inclusive, usufruir do incentivo. Sabemos que as startups não são empresas que geralmente optam pelo regime de tributação do Lucro Real – ou se optam, não obtêm o lucro fiscal necessário para enquadramento. No entanto, é possível que elas sejam beneficiadas indiretamente pela Lei do Bem. Para que isso aconteça, deverão ser contratadas como parceiras de uma grande empresa, a fim de desenvolverem projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, sendo possível considerar os valores transferidos à essas startups como exclusão adicional dos dispêndios na base de contribuição da grande empresa enquadrada na Lei.

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Drones: novos voos para o agronegócio brasileiro

Por Angela Gheller, diretora de Manufatura, Logística e Agroindústria da TOTVS

O uso corporativo de drones está se tornando cada vez mais comum em todo o mundo. Empresas de diferentes setores encontram nos veículos aéreos não tripulados (VANT) aliados tecnológicos e estratégicos para o desenvolvimento de suas atividades. Um levantamento da PwC mostra que, globalmente, o mercado já atingiu a marca de US﹩ 127 milhões por ano e deve seguir em ascensão. Um exemplo é o setor do agronegócio que, de acordo com o estudo, deve ampliar o uso do equipamento em até 69% nas próximas décadas.

Segundo registros da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em 2021, dos 79 mil aparelhos registrados, apenas 1.492 estão cadastrados para o uso agrícola. O número de drones agrícolas, que representa 2% do total, ainda parece irrisório, principalmente se levarmos em consideração os quase 66 milhões de hectares de agricultura brasileira (dados da Embrapa). Porém o potencial que essa ferramenta tem em substituir aeronaves é o que gera especulação para o futuro do agronegócio. Afinal, quais são as vantagens que esses aparelhos trazem para a produtividade de companhias e indústrias?

O principal benefício do uso de drones no campo é a possibilidade de gerar imagens aéreas de qualidade e amplitude em qualquer território de plantio e, a partir dos registros, analisar tanto o atual estado do cultivo, quanto eventuais melhorias a serem feitas. Com isso, uma série de atividades do cotidiano podem ser não apenas automatizadas, como também aprimoradas.

Um exemplo é o controle de pragas. O escaneamento aéreo traz informações instantâneas sobre infestações e saúde das plantações, incluindo até o nível de nutrição. As fotos e vídeos feitos com os drones trazem precisão sobre o estado de toda a colheita, 100% digital e em tempo real.

Essa tecnologia faz a contagem de plantas, mostra falhas e linhas no cultivo, identifica ervas daninhas e avalia o estado geral das folhas e/ou frutos. Os VANTs podem até mesmo mostrar se a terra precisa de mais nutrientes ou irrigação, assim como irregularidades e características do terreno, apontando os locais mais adequados para cada tipo de cultura.

Já sabemos há algum tempo que a tecnologia aumenta a produtividade geral do trabalho no campo, seja pela automatização de todos os processos da lavoura, pela aplicação de IoT nas máquinas agrícolas ou pelo cruzamento de dados para tomada de decisões, entre outros usos já consolidados. Chegou a hora de incluir os drones e todas as suas vantagens nesse pacote. É mais um caminho sem volta, onde todos saem ganhando. Não adotar os VANTs pode ser o diferencial entre um negócio de sucesso e a obsolescência no agronegócio brasileiro.

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ESG e os riscos sociais: abordagem estratégica, necessária e desafiadora

Por Rayhanna Oliveira, consultora master em ESG e Sustentabilidade pela ICTS Protiviti

A agenda ESG (Ambiental, Social e Governança, em português) tem provocado e exigido do mercado uma abordagem mais robusta sobre a sustentabilidade. O pilar Social, especialmente, convoca as organizações para respostas rápidas, eficazes e contínuas, tanto do ponto de vista estratégico, quanto do próprio entendimento sobre o que está sob o guarda-chuva “S”. Seja por uma via ou por outra, o fato é que essa movimentação tem a capacidade de coordenar diálogos e interesses e, assim, trazer agentes substanciais para uma nova “mesa de negociação”.

Tais agentes são públicos múltiplos cada vez mais específicos, exigentes, informados e interconectados. Integram desde colaboradores diretos, terceiros, clientes e consumidores, até comunidades locais e organizações não governamentais, por exemplo. E sua profundidade é tamanha – e necessária – apontando que as empresas precisam levar em consideração contextos próprios para uma análise assertiva, como características regionais, diferentes necessidades, expectativas e valores, modelo de organização social e fatores de clima e de infraestrutura pública ou privada, entre outros.

Portanto, entender que as relações sociais se processam de formas particulares é fundamental para que também tenham respostas específicas às demandas apresentadas. Assim, o pilar S assume uma roupagem complexa, que precisa ser gerenciada antes, durante e após qualquer atividade ou empreendimento.

Um dos pontos fortes dessa condução é o próprio gerenciamento de riscos sociais e a possibilidade de identificar, avaliar, prevenir e mitigar impactos reais ou potenciais sob os mais diversos stakeholders. O risco social parte do princípio de que algumas ameaças ou incertezas, sejam elas econômicas, mercadológicas ou produtivas, podem contribuir para intensificar situações de vulnerabilidades pré-existentes ou gerar outras, seja por meio de atividades, operações e serviços.

Trazendo para a prática, podemos citar como exemplo a possibilidade de investigar a afetação dos recursos hídricos naturais e disponíveis às populações ribeirinhas; analisar perturbações às terras indígenas ou quilombolas e, até mesmo, observar o deslocamento massivo de mão de obra externa para localidades pequenas, que impactam na disponibilidade de serviços públicos para a população de origem e no aumento da exposição de mulheres, crianças e adolescente ao assédio e à exploração sexual. Em todos eles, o gerenciamento e a mitigação dos fatores de risco social são cada vez mais importantes para as partes interessadas e para a longevidade dos negócios.

Há, portanto, uma necessidade latente de integrar os aspectos sociais à agenda estratégica da empresa com a mesma força com que se encaram os pilares ambientais e de governança corporativa. Não é uma mera questão de responsabilidade social que presume ações voluntárias, perenes ou não. Aqui, o passo é maior: exige olhar 360 graus, compromisso contínuo, análises interdisciplinares e um gerenciamento de riscos sociais que seja condizente com a agenda sustentável.

Portanto, conheçam seus stakeholders, mergulhem em seus contextos geográficos próprios, alinhem expectativas e integrem suas equipes. Subestimar os fatores de risco social pode levar a consequências negativas significativas para a reputação e as operações de uma organização, como percepções negativas ou imprecisas sobre o negócio, boicotes e a perda de licença social.

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